A Organização Mundial da Saúde alerta que o suicídio está entre as principais causas de morte ao redor do mundo, sendo que no Brasil estima-se 14.540 mortes no ano de 2019. Cada suicídio traz uma série de consequências trágicas para amigos, familiares e para a comunidade. Todos nós podemos ajudar reconhecendo sinais de alerta e se aproximando para conversar e ajudar. O suicídio é um fenômeno complexo e considerado um sério problema de saúde pública. Existem estudos científicos que identificaram relações entre suicídios consumados e certas características demográficas e fatores biopsicossociais, a partir desses estudos, diversos países e organizações de profissionais da saúde desenvolveram estratégias de prevenção do suicídio. Entretanto, apesar de algumas pessoas manifestarem alguns sinais e/ou apresentarem fatores de risco, é importante lembrar que outras podem não os indicar nitidamente, sendo necessário um cuidado integral, interdisciplinar e intersetorial.
Alguns alertas e pontos de atenção
Dessa maneira, por meio de ações compreensivas e coordenadas é possível prevenir o suicídio. Em outras palavras, é preciso reconhecer os sinais de alerta, conhecer os fatores de risco e os fatores protetivos e, a partir disso, coordenar ações preventivas que envolvam políticas públicas, profissionais de saúde e, especialmente, a comunidade e as pessoas de maneira geral.
Alguns sinais de alerta são:
- falas frequentes sobre morte, morrer ou suicídio
- comentários sobre sentir-se sem esperança, sem valor ou sem sentido de vida
- aumento de consumo de álcool ou drogas
- evitação social e solidão
- mudanças drásticas de humor ou comportamento
- despedidas e doação de bens pessoais
- acesso a armas ou meios letais
- envolvimento incomum em riscos
Os principais fatores de risco são:
- tentativa prévia de suicídio
- histórico de abuso de substância, como álcool ou outras drogas
- histórico de transtornos mentais, como depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia ou dependência química
- perda recente de pessoa próxima
- problemas importantes de relacionamento
Os principais fatores protetivos são:
- vínculos saudáveis interpessoais, familiares e sociais
- ambiente familiar e de trabalho acolhedores
- capacidades pessoais de resolução de problemas e conflitos
- envolvimento em atividades sociais
- acesso à serviços de saúde mental
- detecção e tratamento precoce de transtornos mentais
- contexto social com proteção aos Direitos Humanos
- acesso a condições básicas de vida como alimentação, habitação, educação, trabalho, assistência social, entre outros.
Atuar para prevenir o suicídio é uma preocupação para toda sociedade, não apenas para governos, instituições ou profissionais de saúde mental. A maneira de agir depende da situação identificada, que pode ser desde uma conversa acolhedora até acionar serviços de urgência e emergência. Por isso, é importante haver divulgação dos serviços de saúde e segurança, orientações sobre como lidar quando temos alguém próximo em risco, além de estimular valores sociais de cuidado e combate à violência.
Profissionais de saúde mental são habilitados para atender as pessoas em risco ou em sofrimento, ainda assim, não substituiu a presença e apoio das pessoas próximas. Falar com alguém sobre suicídio pode ser difícil, mas a melhor maneira de ajudar é conversando com a pessoa, falar sobre não vai influenciar a pessoa a pensar ou cometer suicídio. Na verdade, dar oportunidade de expressar seus sentimentos pode aliviar o isolamento e os sentimentos negativos reprimidos e pode, com isso, reduzir o risco de suicídio. Não há um jeito certo de dizer que se importa, mas as dicas a seguir podem ajudar a iniciar uma conversa e entender o que está acontecendo com a pessoa com quem está preocupado:
Aproxime-se
- Pergunte genuinamente como a pessoa está se sentindo.
- Diga que percebeu que a pessoa não está bem.
- Disponha-se para conversar.
- Pergunte o que pode fazer para ajudar.
- Se a pessoa não está pronta para falar, você pode dizer que está ali para ajudar e a pessoa pode te procurar quando quiser conversar.
Ouça
- Procure deixar a pessoa confortável e deixe-a falar.
- Tente entender a pessoa antes de fazer qualquer sugestão.
- Não julgue.
- Não ofereça soluções simplistas nem pregue um otimismo ingênuo. Frases como “tudo vai ficar bem” ou “a vida é boa” não ajudam.
- Não se desespere. Sua própria ansiedade pode tensionar você a tentar resolver a situação, mas na maioria das vezes, a melhor ajuda que você pode oferecer é ouvir atentamente.
Conecte-se
- Disponha-se a ajudar e a procurar ajuda profissional em saúde mental.
- Continue interessado mesmo depois que a pessoa iniciou algum acompanhamento de saúde.
- Não tenha medo de admitir que não tem alguma resposta.
- Não tenha medo de perguntar se a pessoa pensa em suicídio, isso não vai incentivar a pessoa a cometer esse ato.
Proteja
- Mantenha a pessoa segura se ela está em crise.
- Reduza o quanto puder o acesso a meios letais.
- Não deixe a pessoa sozinha e procure ajuda.
- O SAMU (192) e o Corpo de bombeiros (193) são preparados para atuar em situações de urgência e emergência.
Conversando com alguém quando tenho pensamentos ou intenções suicidas
Pensar em suicídio pode ser assustador. Talvez seja a primeira vez ou talvez esses pensamentos já estão por aí há um tempo e você não sabe o que fazer ou como encontrar ajuda. Você pode sentir vergonha de falar sobre seus pensamentos suicidas ou temer que as pessoas julguem ou não levem você a sério, mas falar com alguém que você confia e se sente confortável é importante para encontrar a ajuda que você precisa.
Converse com alguém sobre como você se sente:
- Converse com alguém que te deixe confortável e em quem você confia, como alguém da família, algum professor, amigo ou profissional de saúde.
- Trate a conversa como uma conversa comum, afinal, pedir ajuda é algo normal. Você pode descrever o que está acontecendo, como se sente e que tipo de ajuda você precisa. Tente ser claro, assim a pessoa pode entender você.
- Esteja preparado para a reação das pessoas. Ao ouvir sobre pensamentos suicidas, algumas pessoas podem ficar confusas ou emocionadas a princípio. Continue conversando e juntos vocês podem encontrar ajuda.
- Peça ajuda para encontrar atendimento em saúde mental.
- Entenda que as pessoas se importam. É importante ter ajuda de amigos e se você diz a eles que pensa em suicídio, não espere que eles mantenham segredo. Eles vão tentar ajudá-lo e isso significa pedir ajuda a outras pessoas.
Quer conversar?
Ligue para o CVV
188